O livro “Redes de Cuidado: revoluções invisíveis por uma vida vivível”, escrito no ano de 2020 e publicado em meados de 2021, nasce durante um dos períodos mais difíceis da história recente da humanidade: a pandemia da Covid-19. Elaborado pelo Coletivo Etinerância a partir de um trabalho de prospecção e análise do fazer político territorial de vários parceiros da Fundação Rosa Luxemburgo (como as Teias dos Povos da Bahia e do Maranhão, o Movimento Sem Teto da Bahia, as Brigadas Populares em Minas Gerais e várias comunidades ligadas a eles), o livro busca resumir as propostas e experiências territoriais que têm como centro as articulações em torno dos cuidados.
No Brasil, a terrível crise sanitária do Covid 19 se somou à outra, tão ou mais violenta: o reacionarismo que dominou a política nacional nesse período foi o promotor de grandes retrocessos, por um lado, e de ataques diretos, por outro, no que tange aos direitos sociais e humanos das populações periférica, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais, das mulheres, do povo negro e de outros setores vulnerabilizados do país.
Assim, a conjuntura na qual nasce este livro permeou fortemente a sua narrativa sobre as Redes de Cuidado. Por outro lado, porém, a pandemia da Covid-19, ao mesmo tempo em que potencializou sofrimentos, também gestou respostas de dimensões inéditas entre movimentos, coletivos, comunidades e outras organizações sociais. Foram criadas redes que se fizeram a cargo dos cuidados, de dentro para dentro, a nível comunitário, local, regional e nacional, dos que foram abandonados ou atacados pelo Estado.
E o que são Redes de Cuidado? Articulações construídas a partir do vínculo (das mais diversas naturezas), as Redes de Cuidado são expressões do comunitário que permitem a reprodução da vida em seus vários aspectos e espectros. Estabelecem relações de reciprocidade como potência política, quebrando a lógica de um ente provedor (o Estado, a Igreja) e sua relação vertical (e de dominação) com o indivíduo.
O cuidado — que possibilita sobrevivências, comunhões, resistências, defesas contra ameaças de toda natureza, e criações de novos horizontes de justiça, entre outros — é um elemento estruturante da vida em comunidade. Mas é, sobretudo, uma prática cultivada e exercida predominantemente pelas mulheres. E esta é outra característica marcante deste livro: o protagonismo das mulheres no tecer os cuidados em reciprocidade, e sua liderança e centralidade nos processos estruturantes das Redes de Cuidado.
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